A depressão vai muito além da tristeza: trata-se de uma perturbação do humor com impacto real no corpo, na mente e na sua vida pessoal e profissional. Neste artigo, iremos:
- Definir o que é depressão
- Apresentar os diferentes tipos e graus
- Detalhar sintomas visíveis e menos óbvios
- Explorar causas múltiplas
- Mostrar opções de tratamento e trajecto de recuperação
- Apresentar exemplos práticos e responder a dúvidas frequentes
O que é a depressão
A depressão é uma doença mental caracterizada por um estado persistente de tristeza ou vazio, perda de interesse em atividades normalmente prazerosas e alterações em sono, apetite, energia e funcionamento cognitivo. Não é uma fraqueza ou algo que se “cura com força de vontade”.
Tipos de depressão
Aqui ficam os tipos mais comuns:
- Depressão major (episódio depressivo grave): sintomas intensos que interferem seriamente no dia‑a‑dia
- Distimia (perturbação depressiva persistente): sintomas menos intensos, mas duradouros (por meses ou anos)
- Depressão sazonal: aparece de forma recorrente em épocas específicas, por exemplo durante o inverno
- Depressão pós‑parto: ocorre após o nascimento de um filho, podendo afetar mães (e em casos mais raros pais)
- Depressão atípica: inclui variações nos sintomas típicos, por exemplo com aumento do apetite ou sensibilidade emocional
Graus de gravidade
- Leve: interfere de forma moderada com tarefas diárias, mas há funcionalidade parcial
- Moderada: limitações mais claras nas relações, no trabalho ou no estudo
- Grave: impacto intenso, possível risco de vida (ideação suicida)
Saber em que grau se encontra ajuda a decidir qual a intervenção necessária.
Sintomas de depressão
Sintomas “clássicos” e visíveis
- Tristeza persistente, sensação de vazio
- Perda de interesse ou prazer nas atividades habituais
- Fadiga, sensação de cansaço constante
- Dificuldade de concentração, indecisão
- Alterações no sono (insónia ou dormir demais)
- Alterações no apetite (comer demais ou perder apetite)
- Sentimentos de culpa, inutilidade ou auto‑desprezo
- Movimentos lentos ou agitação motora
- Pensamentos de morte ou suicídio
Sintomas menos óbvios ou secundários
- Sintomas físicos inexplicados, como dores musculares, dores de cabeça, distúrbios digestivos
- Diminuição da libido ou problemas sexuais
- Isolamento social, evitar convívios
- Problemas cognitivos leves, tal como lapsos de memória, lentidão mental
- Negligência com cuidados pessoais (higiene, alimentação)
Se muitos desses sintomas persistirem por mais de duas semanas, é indicativo de depressão que merece avaliação.
Causas da depressão
A depressão resulta de uma interação complexa entre vários fatores — não há uma causa única.
Fatores biológicos
- Desequilíbrios nos neurotransmissores (serotonina, dopamina, noradrenalina)
- Predisposição genética (histórico familiar de depressão)
- Alterações hormonais (por exemplo na tiroide, menopausa, pós‑parto)
- Doenças crónicas, dor persistente ou condições médicas debilitantes
Fatores psicológicos
- Traumas passados, abuso ou perdas significativas
- Pensamento negativo persistente, autocrítica severa
- Baixa resiliência emocional
- Estratégias de coping inadequadas
Fatores sociais / ambientais
- Stresse prolongado no trabalho, estudos ou vida pessoal
- Perdas, lutos ou separações
- Instabilidade económica ou insegurança social
- Isolamento social ou falta de apoio familiar
- Ambientes familiares ou profissionais disfuncionais
Nem sempre se encontra uma “causa evidente” — a depressão pode surgir mesmo em circunstâncias aparentemente estáveis.
Tratamento e caminho de recuperação
A depressão é tratável. O percurso pode variar conforme o grau, o histórico e as características de cada pessoa. Assenta na combinação psicoterapia +/- medicação
Psicoterapia
- Terapia Cognitivo‑Comportamental (TCC): foco na reestruturação de pensamentos negativos, regulação emocional, treino de estratégias
- Terapia Interpessoal: relaciona os sintomas com os conflitos nas relações
- Psicoterapia psicodinâmica ou humanística: para trabalhar as raízes emocionais
Medicação antidepressiva
- Deve ser prescrita e acompanhada por um psiquiatra
- Efeitos terapêuticos podem aparecer entre 2 a 4 semanas
- É preciso ajustar doses, monitorizar efeitos secundários e avaliar periodicamente
Estilo de vida e intervenções complementares
- Exercício físico regular — anti‑depressivo natural
- Sono de qualidade e higiene do sono
- Alimentação equilibrada, evitar cafeína em excesso
- Redução ou eliminação de álcool e substâncias psicoativas
- Convívio social, apoio emocional e manter rotinas
- Técnicas de relaxamento, mindfulness, respiração guiada
Quando procurar ajuda
Procure apoio imediato se:
- Os sintomas impedem o funcionamento normal
- Sentimentos de desesperança profunda
- Há pensamentos persistentes de suicídio
- Existe isolamento social
- Os sintomas duram mais de duas semanas sem melhoria
- Outras estratégias de autoajuda já estão a falhar
Conversar com profissional de saúde mental não é sinal de fraqueza. É um passo fundamental.
Como apoiar alguém com depressão?
Ouvir sem julgar, oferecer companhia, incentivar procura de ajuda profissional, acompanhar‑se nas sessões se apropriado.
Conclusão
A depressão é uma condição séria, mas com tratamento adequado muitas pessoas retomam suas vidas com maior clareza, energia e funcionalidade.
Se sente que já não consegue enfrentar tudo sozinho, procurar apoio profissional pode ser o passo mais concreto. Na Médico na Net, dispomos de profissionais prontos para ouvir, orientar e acompanhar, sem pressões.